sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Viagens Corporativas


O turismo é um dos mercados que mais cresce ao redor do mundo. No Brasil, o que mais gera lucros é o segmento de negócios

Texto de Jaqueline Frizon


O turismo é um setor em constante crescimento. Tanto é que vem ganhando novas dimensões e atingindo pessoas antes não muito visadas. É o caso de empresários, público específico com necessidades diferenciadas que buscam por serviços que não são utilizados no turismo de lazer, como uma sala de reunião em um hotel, por exemplo. O aumento de viagens corporativas fez com que as empresas destinassem uma parcela maior do faturamento para os encargos delas. Para se ter ideia, os gastos de com viagens podem ser responsáveis pela terceira maior despesa, dependendo do ramo, atrás apenas de folha de pagamento e tecnologia.
Com o novo segmento em alta, apareceram as Travel Management Company (TMC) que são agências de viagens especializadas no gerenciamento do turismo corporativo. Elas fazem o papel de consultoria, ou seja, avaliam o perfil da empresa, sugerem melhorias, disponibilizam sistemas para gerenciamento das despesas com viagens, relatórios e outros tantos serviços que farão a diferença no orçamento. A base de trabalho é coordenada por um gestor, que precisa estar sempre atualizado com as novas práticas de mercado. É ele quem faz o elo de comunicação entre a corporação e a TMC, portanto, precisa conhecer bem as necessidades do solicitante, para, então, definir os objetivos.
Com o objetivo de fortalecer e desenvolver o setor de viagens corporativas, foi criada a Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV). Fundada em 2003, ela é a única do setor de gestão de viagens corporativas no Brasil e na América Latina, promove congressos, fóruns, debates, cursos e conta também, com publicações periódicas e índices mercadológicos para consolidar o setor. Além do site oficial (http://www.abgev.org.br/), a associação conta com um blog em que são colocados textos e fotos dos congressos e dos associados. Nele, também há espaço para discussão sobre o que foi abordado em algum fórum e perguntas interativas para os leitores opinarem.

"Organizar viagens é um trabalho especializado e quanto menor o conhecimento sobre as variáveis do setor maior será o custo da viagem" Margarida Molina, da Unipli

Um novo mercado 
A segmentação do turismo de lazer e do corporativo é recente, apesar de as viagens de negócios sempre terem existido. Algumas pessoas da área, a propósito, preferem usar o termo viagens corporativas, em virtude de a palavra turismo remeter apenas ao lazer.

Os olhos se voltaram para esse ramo quando empresários perceberam que a atividade carecia de pessoas especializadas e estrutura para esse tipo de cliente. Foi em 2005 que o turismo corporativo deu um salto, quando seis grandes agências corporativas se uniram e formaram o RESERVE, que é uma ferramenta de gestão de viagens corporativas que integra os sistemas de reservas das companhias aéreas. Esse investimento foi provocado em função da necessidade de criar uma ferramenta que o próprio usuário pudesse fazer a sua reserva on-line, atrelada a um fluxo de aprovação com política de viagens e muitos outros recursos que, a cada ano, são desenvolvidos para melhorar a gestão de viagens das empresas. Além disso, nessa época, iniciava uma mudança no modelo de distribuição das companhias aéreas no mundo, e no Brasil não foi diferente. Desde então, a cada ano, milhões e milhões são investidos em tecnologia nesse segmento.

Profissionais da área
Para atender à demanda de profissionais especializados em viagens corporativas, o ensino profissional passou a enfocar esse segmento. Os cursos universitários ainda não dispõem de uma grade de estudos voltada apenas para o setor, mas tratam do assunto em conjunto com outros segmentos. Já os cursos técnicos, são de fundamental importância para quem pretende investir nessa área. Atualmente, existem alguns cursos especializados neste ramo oferecidos pela Abav, Abracorp e Academia de Viagens Corporativas.

Com o setor em crescimento, a especialização na área é um investimento, já que o turismo corporativo possui algumas vantagens em relação ao de lazer. “O agenciamento de viagens é remunerado por prestação de serviços e este é um segmento de faturamento garantido, com uma sazonalidade menos instável”, garante a professora do curso de Turismo do Centro Universitário Plínio Leite (Unipli), Margarida Molina.
A infraestrutura que deve dispor um local especializado em turismo corporativo é bem informada durante os cursos técnicos. “Uma boa estrutura é primordial. Não adianta fazer uma ‘salinha’ e querer vendê-la como um espaço para eventos. É necessário ter um local amplo, adequado para realizar reuniões, equipamentos de primeira qualidade, atendimento personalizado etc.”, comenta o diretor do Novo Cambury Hotel, Uri Roysen Kellmann.

A demanda 
Boa parte das empresas que buscam serviços de turismo corporativo são as de médio e grande portes e as localizadas em outros estados ou outros países. “Somos frequentemente procurados por multinacionais que trazem os seus executivos do exterior e querem inserilos em um local diferente, mais agradável que o clima de escritórios. Há também empresas, de outros estados ou cidades, que buscam fugir do ambiente corriqueiro em que vivem todos os dias, para dar um ar mais amistoso às reuniões e eventos corporativos. Isso, sem contar aquelas que realizam as confraternizações, festas de fim de ano, etc.”, explica Kellmann.

Outro fator de aumento da demanda se deve ao fato de os custos com viagens ocuparem uma quantia de gasto considerável. As empresas que mais procuram estes serviços são as que percebem que as viagens corporativas representam um volume alto dentro do seu negócio, e que sentem a necessidade de gerenciar melhor e terceirizar para profissionais que têm essa expertise. Todas as corporações que têm um volume de viagens acima de R$400 mil/ano, já procuram uma gestão corporativa.


O turismo corporativo em números:

Os Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas (IEVC) mostram que, em 2010, a receita bruta (incluindo aéreo, locação e hospedagem) de turismo no Brasil foi de R$37.43 bi, desses, 56,67% referem-se ao corporativo, ou seja, foram gastos R$21.21 bi em viagens corporativas divididos entre hospedagem, responsável por 35,92%, locação de autos, 6,35% e transporte aéreo, que responde por 52,96% do montante. O que gerou 236.686 empregos diretos. 

Fonte: IEVC 2010 - Pesquisa Direta. Prof. Dr. Hildemar Brasil

“O negócio de turismo corporativo além de ter uma participação superior a 60% no faturamento do turismo brasileiro, se renova, oferecendo produtos que permitam a realização de experiências de trabalho em ambientes naturais, por meio de práticas que estimulam a iniciativa, a liderança e o espírito de grupo”, comenta a professora Margarida.
Empresas especializadas na área e informações mais precisas facilitam a vida de empresários que não precisam mais ocupar a sua equipe com tarefas que fogem à área de atuação de seus funcionários. O reitor da Roberto Miranda Educação Corporativa, Roberto de Ávila Miranda, acredita que as oportunidades estão em diversas áreas, basta atender às necessidades desses viajantes de negócios que o ramo só tem a crescer. “A difusão da renda em uma camada nova da população gerou novos polos de consumo e as empresas precisam atender a essa nova demanda, abrindo pontos de venda, novas unidades e rede de distribuição. Por esses motivos o turismo corporativo está crescendo e tende a crescer ainda mais no Brasil”, finaliza.

Fonte: Revista Gestão & Negócios.

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